Zerogrid vs. Autoprodutores: Diferenças Regulatórias e Desafios Técnicos na Geração Distribuída no Brasil

Índice

Você já se perguntou se é possível gerar sua própria energia e, ainda assim,
economizar ou até lucrar com isso? E mais: qual a diferença entre simplesmente zerar
sua conta de luz e se tornar um agente ativo no mercado de energia? Esses
questionamentos são fundamentais para entender alguns dos caminhos mais comuns
na Geração Distribuída (GD) no Brasil: o modelo zerogrid e o autoprodutor.

A GD transformou o papel do consumidor, que passou a ser também gerador de
energia. Desde a publicação da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, atualizada
posteriormente pela REN nº 1.000/2021, pequenas usinas passaram a fazer parte da
matriz elétrica nacional, ajudando a diversificar as fontes de energia e promovendo
maior eficiência no uso da rede.

Geração Distribuída: Mais que economia, uma estratégia energética

A GD não é apenas uma alternativa econômica — ela representa um passo importante
para um setor elétrico mais sustentável e descentralizado. Além de reduzir perdas
técnicas e emissões de gases de efeito estufa, fortalece a resiliência da rede e coloca
o consumidor no centro das decisões energéticas, com maior previsibilidade de custos
e autonomia.

Mercado Livre e Autoprodução: Abrindo as portas da CCEE

Para quem busca maior liberdade e benefícios comerciais, a migração para o
Ambiente de Contratação Livre (ACL) permite negociar diretamente com geradores e
comercializadores. Nesse contexto, entra o modelo de autoprodutor, previsto na Lei
nº 9.074/1995, que possibilita a integração à CCEE, com potencial para comercializar
excedentes e participar ativamente do mercado.

Zerogrid e Autoprodutor: O que são e como se diferenciam?

Enquanto o autoprodutor possui respaldo jurídico e regulatório, sendo um agente
formal no setor elétrico, o zerogrid é um conceito técnico ainda sem regulamentação
específica. Ele se refere a unidades com geração dimensionada para suprir
exatamente a carga local, sem injeção de excedente na rede, normalmente com
controle por inversor e comunicação serial.

Já o autoprodutor é registrado na CCEE, pode comercializar excedentes e precisa
cumprir diversas exigências operacionais e regulatórias, como medição homologada,
telemetria e atendimento aos Procedimentos de Rede do ONS.

Aspectos Técnicos do Zerogrid

Embora não regulado formalmente, o modelo zerogrid requer atenção técnica. Os
sistemas são geralmente compostos por inversores inteligentes, com funcionalidades
de controle que evitam qualquer injeção na rede pública. Isso exige:

  •  Monitoramento constante da carga local;
  • Ajuste fino na operação do inversor, com atuação em tempo real;
  • Compatibilidade com normas técnicas de segurança e proteção elétrica,
    como as da NBR 5410 e os requisitos de proteção exigidos pelas
    distribuidoras;
  • Soluções de backup ou armazenamento para garantir continuidade em caso
    de falha de geração.

Mesmo não sendo submetido às obrigações da CCEE ou do ONS, um projeto zerogrid
precisa ser bem dimensionado para evitar problemas de qualidade de energia ou
desconformidade com a distribuidora local.

Aspectos Técnicos para Enquadramento como Autoprodutor

A adoção do modelo de autoprodução demanda rigor técnico e conformidade com
marcos regulatórios. Os principais pontos incluem:

  1. Infraestrutura de Acesso: A entrada de energia deve garantir segregação
    física e contábil entre os diferentes consumos, conforme exigências da
    distribuidora e da CCEE.
  2. Sistemas de Medição e Telemetria: Exige medidores certificados pelo
    INMETRO, homologados pela distribuidora e integrados à CCEE, seguindo o
    Módulo 5 do PRODIST.
  3. Procedimentos do ONS: A unidade deve seguir os Procedimentos de Rede,
    incluindo os submódulos 2.9, 6.16, 6.17 e 7.11, que tratam de controle,
    despacho e segurança operacional.
  4. Obrigações Regulatórias e Ambientais: É necessário obter parecer de
    acesso, outorga da ANEEL (quando aplicável) e licenciamento ambiental.
  5. Participação na CCEE: O agente precisa constituir garantias financeiras,
    cumprir obrigações contratuais e prazos definidos pela Câmara.

Considerações Finais

Zerogrid ou autoprodutor? A resposta depende do perfil de consumo, da viabilidade
técnica e regulatória e dos objetivos do consumidor. Uma análise detalhada é
essencial para tomar a melhor decisão — seja buscando a autonomia sem vínculos
com o mercado, seja participando ativamente do setor como agente da CCEE.

A Prolux Engenharia de Sistemas atua com foco em projetos elétricos alinhados ao
marco regulatório brasileiro, oferecendo suporte completo desde a medição até a
regularização junto aos órgãos competentes.

Referências Técnicas

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